domingo, 7 de outubro de 2007

RESPONSABILIDADE SOCIAL: ENTENDENDO ESSE NOVO PARADIGMA DE GESTÃO

Vilmar Alves Pereira[1]
Nos últimos anos, percebemos com bons olhos alguns esforços de inúmeras organizações no sentido de assumirem a bandeira da responsabilidade social. Mas em que consiste a responsabilidade social? Existe diferença entra ação social, filantropia social e responsabilidade social? Quais os benefícios que uma empresa tem em assumir essa nova cultura de gestão? São apenas algumas inquietações que procuramos, de forma incipiente, tangenciar neste ensaio.
A maioria dos autores que pesquisam essa temática entendem a responsabilidade social empresarial como uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. Foi-se o tempo em que às organizações desenvolviam suas práticas sem qualquer reconhecimento e contato com os diferentes públicos que se relacionavam com sua empresa.
Diferente disso, conforme o Instituto Ethos de Responsabilidade Social “a empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los ao planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou proprietários. (Fonte ETHOS).
No entanto, alguns gestores ainda mantém algumas confusões quando abordam essa questão, confundindo responsabilidade social com ação social. Por ação social entende-se “qualquer atividade realizada para atender às comunidades nas áreas de assistência social, alimentação, saúde, educação, meio ambiente e desenvolvimento comunitário, excetuando-se, as atividades geradas por obrigação legal”(IPEA, 2002). Visto desse modo, a ação social é um primeiro momento e as vezes ocorre de forma bem pontual como por exemplo: uma vez por ano numa data comemorativa distribuir alguns donativos para a comunidade. Mesmo assim é importante, pois é o princípio de tudo.
Já a filantropia é basicamente uma ação social externa da empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias etc) e organizações: “É a ação social voluntária da empresa na comunidade, realizada de forma pontual, pouco profissional, pouco planejada e com pequeno impacto de mudança da realidade daqueles que são beneficiados”(MOSTARDEIRO). Muitos gestores praticam a filantropia visando aproveitar dos retornos na tributação de impostos. Também é importante, pois beneficia muitas pessoas.
O grande diferencial da responsabilidade social é que ela é mais abrangente, traduzindo-se como: “a permanente preocupação com a qualidade ética das relações da empresa com seus diferentes públicos e com a comunidade onde está inserida”(ETHOS). São projetos e práticas contínuos envolvendo não apenas o publico externo mais iniciando pelo publico interno até chegar aos demais sujeitos que se relacionam com a empresa e que faz parte do planejamento da organização.
Os pesquisadores nos apontam alguns benefícios de uma empresa ser socialmente responsável. As experiências práticas demonstram que um programa de responsabilidade social só traz resultados positivos para a sociedade, e para a empresa, se for realizado de forma autêntica. Também alertam que é necessário que a empresa tenha a cultura da responsabilidade social incorporada ao seu pensamento. Desenvolver programas sociais apenas para divulgar a empresa, ou como forma compensatória, não traz resultados positivos sustentáveis ao longo do tempo. Porém, nas empresas que incorporarem os princípios e os aplicarem corretamente, podem ser sentidos resultados como valorização da imagem institucional e da marca, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade, capacidade de adaptação e longevidade. (Fonte ETHOS).
Entre 2007 e 2008 estará pronta a ISO 26000 que será uma referência para padronização das informações que vão para os balanços sociais e certificará as empresas a partir de seu conjunto de ações sociais publicizadas em seus balanços sociais. Há indicativos de que virá para o Brasil muito recursos às empresas. Não é por acaso que alguns bancos já estão criando vários produtos nesse viés da responsabilidade social, afinal é por aí que vem o dinheiro. O Brasil e a Suécia estão trabalhando na confecção da certificação. Não vai demorar muito para você dirigir-se a um banco em busca de um financiamento e ouvir a seguinte questão: sua empresa possui projetos sociais? Nesse caso o juro é menor... Se até agora sua empresa não adotou um planejamento de gestão social, quem sabe ainda há tempo para começar pois afinal todos ganham com esse processo.
O ambiente é bem otimista tanto é que conforme pesquisa do Instituto Akatu, o brasileiro confia mais nas empresas que têm ações de responsabilidade social do que os consumidores de outros 21 países. Fique atento, pois sendo socialmente responsável estará protegendo e melhorando o maior bem de sua empresa: a sua imagem.
[1] Professor de Filosofia, doutorando em Educação pela UFRGS. E-mail: vilmar1972@bol.com.br.

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