domingo, 7 de outubro de 2007

A defesa de uma Pedagogia da Natureza na obra o Emílio ou da Educação de Rousseau

A defesa de uma Pedagogia da Natureza na obra o Emílio ou da Educação de Rousseau[1]
Vilmar Alves Pereira[2]
RESUMO
O conceito de natureza boa de Rousseau entra em conflito com os conceitos eclesiásticos de seu tempo. Para a Igreja Católica, o homem nasce com o estigma do pecado original; a natureza, portanto, não é boa, pois já vem com a mancha do pecado. Postular a natureza como boa e livre é pressupor, então, um novo conceito de homem e, conseqüentemente, um novo conceito de educação, o que se contrapõe às verdades da Igreja, instituição preocupada em encontrar a essência pura (espiritual) dos homens na época de Rousseau. Este capítulo tem por objetivo retomar alguns aspectos centrais da pedagogia de Rousseau e demonstrar em todas as suas fases, a defesa de uma pedagogia da natureza.
Ao afirmar que existe uma bondade original no homem, Rousseau transfere o mal para a sociedade e dá ao homem a possibilidade de uma ação boa e espontânea sem dependência do olho da consciência divina. Assim, a preocupação do homem é com a utilidade de sua ação, e não mais com a predestinação inata ao pecado.
A partir da concepção de Rousseau de natureza, a pedagogia irá trabalhar com dois conceitos: natureza corrompida e natureza boa. Isso cria um certo paradoxo e uma reavaliação da utilidade da pedagogia. Se a natureza já vem corrompida a pedagogia tem a função de purificá-la. Mas se a natureza já é boa para que a educação? No primeiro caso, a educação e toda a cultura vem como uma forma de luta contra todas as manifestações do homem, sendo vetados os desejos e as paixões humanas, pois eles são indignos para o homem. No segundo caso, a função da educação é preservar a natureza boa moralizando o homem, pois o homem nasce bom, mas não moralizado e a sua bondade, por ser espontânea, é ainda ingênua e, para que ele possa conviver como indivíduo social, a moral é um fator determinante.


2- O conceito de natureza no contexto da obra O Emílio.

A defesa dessa natureza é percebida em todas as fases de desenvolvimento de Emílio, protagonista da obra homônima. Rousseau, “no Émile descreve uma educação baseada não nas formas da sociedade, nas tradições sem sentido da escola e na completa ignorância da infância, mas no conhecimento da verdadeira natureza do homem. O homem natural não é o homem selvagem, mas o homem governado e dirigido pelas leis de sua própria natureza, tais leis podem ser descobertas como quaisquer outras por meio da investigação”[3].
Nessa obra, Rousseau critica a forma de educação que confia mais no hábito do que na natureza, sugerindo uma maior confiança em nossas primeiras impressões e instintos naturais, pois a natureza é boa. Por várias vezes, conceitua a natureza desumana presente na sociedade civil, a qual se preocuparia mais com o cidadão do que com o homem. Isso, para Rousseau, deve ficar bem claro: ou se opta pela civilização, ou pela preservação da natureza do homem. Contudo, nesse estado, é necessário que seja ouvida a voz da natureza: “Enquanto permanece o homem da natureza, e nele próprio que o homem percebe a voz da natureza. A natureza fala nele, pois que ele próprio está na natureza... para o homem civilizado esta voz se tornará uma voz distante, uma voz negligenciada. Ela lhe será exterior. Pior ainda ele já não saberá escutá-la e reconhecê-la...”[4]. O autor dá extremo valor à natureza, concebendo que é preciso que o homem, pela sensibilidade, conserve o seu verdadeiro valor.
No Emílio, é possível identificar em cada uma de suas máximas uma exaltação do conceito de natureza que, em sua época e ainda hoje, está sendo ignorado pela mesma ciência sobre a qual Rousseau, ainda no século XVIII, já afirmara que não traria em seu bojo o germe do desenvolvimento da condição humana; pelo contrário, ainda traria consigo um maior número de vícios. Em sua própria caracterização de homem simples está intrínseco um conceito de natureza: “Lembrai-vos sempre de que quem vos fala não é um sábio, nem filósofo e sim um homem simples. Amigo da verdade, sem partido e sem sistema; um solitário que vivendo pouco com os homens, tem menos oportunidade de se imbuir de seus preconceitos e mais tempo para refletir sobre o que o impressiona quando com eles vive: Meus raciocínios são menos baseados em princípios do que em fatos; e creio não poder colocar-vos ao alcance de julgá-los relatando algum exemplo das observações que me sugerem”[5].
No Emílio, Rousseau, partindo da tese transcrita acima, “tudo está bem quando sai das mãos do autor das coisas, tudo se degenera entre as mãos dos homens”[6] , procura demonstrar que o sistema educativo proposto pela sociedade da época, cujos métodos tratavam a criança como um adulto, estava errado. Assim, ao invés de educá-la, passava para a criança uma série de vícios, os quais, sem dúvida, emergiam da sociedade da época, que negava a natureza. Diante desse quadro, Rousseau propõe uma educação diferente (descrita no Emílio), que consiste numa análise detalhada de todas as etapas pelas quais uma criança passa na sua vida educativa. Isso justifica o porquê de Emílio ser um aluno imaginário; de fato, pela educação da época, ele era inconcebível.
A proposição de educação de Rousseau nessa obra (O Emílio), não segue o viés da sociedade daquele período, mas o da lógica da natureza. Rousseau estruturou o seu livro em cinco partes, seguindo as diferentes fases da vida de Emílio, desde o seu nascimento até a idade de vinte e cinco anos. Nessa obra, Rousseau realizou uma da maiores sínteses pedagógicas entre o sentimento e a razão a partir de seu aluno Emílio: “Enquanto todos se voltam para as explicações racionais e objetivas marcadas pelo primado da razão, Rousseau revela uma maneira própria de pensar, em que utiliza tanto o coração quanto o intelecto. No Emílio, especificamente, a síntese emoção e razão enfatizada em algumas passagens pelo discurso em primeira pessoa, cria um clima em que, ao escapar do real, através de seus devaneios, ele não só transforma este real, como recria.”[7]
Vejamos pois, como Rousseau apresenta o desenvolvimento dessa natureza boa e pura:
a) Livro I - a idade da necessidade e natureza - do nascimento aos dois anos de idade
Nas primeiras páginas do livro I, Rousseau preocupa-se em demonstrar, demoradamente, as diferenças existentes entre o homem natural e o homem civil (ou artificial). Isolando o Emílio da sociedade vigente, Rousseau concebe-o como unidade indivisível; já o homem civil só é concebido a partir da sociedade e é unidade fracionária. Estabelecendo esse paralelo entre os dois conceitos de homem, Rousseau critica todo o sistema de educação que rotula, que não trata o aluno como indivíduo; critica, em toda a sua obra, o sistema de preceptores da época e, com isso, vai apresentando os seus objetivos e o seu método educacional.
O objetivo inicial de Rousseau apresenta-se como algo extremamente complexo: “Nosso verdadeiro estudo é o da condição humana”[8]. Mais adiante, nesse mesmo livro, ele faz questão de manifestar que viver é o ofício que ele quer ensinar. Surge-nos a interrogação: viver de que modo? Viver de acordo com a natureza. Nessa altura, Rousseau não está preocupado em fazer grandes explanações; simplesmente se preocupa em impor uma nova condição humana, livre de todos os erros que existem na sociedade. Segundo Rousseau,“começamos a nos instruir quando começamos a viver”[9]. E como em nossa vivência inicial necessitamos do auxílio de alguém, o autor faz uma demorada análise da forma como as amas-de-leite (babás) dão um tratamento errado às crianças desde o nascimento. Ele analisa desde o modo incorreto de pôr as fraldas e faixas no corpo dos bebês até a educação comportamental, como também a educação da linguagem da criança.
Com o intuito de demonstrar os erros que a sociedade comete na fase inicial da educação desse período, Rousseau analisa detalhadamente o fato de as amas-de-leite não educarem a criança para se vestir: elas amarram fortes faixas no corpo dos pequenos, quando, ao contrário, deveriam deixá-los livres; desde o nascer, utilizam métodos que, mais tarde, irão influenciar na falta de espontaneidade da criança, um dos quais é o vestuário. Essas primeiras educadoras, segundo Rousseau, deixam a criança imperar pelo choro, ao invés de a distraírem; ensinam-na a decorar palavras cujo significado ela não entende, ao invés de lhe ensinarem palavras práticas e claras, como era o caso do Emílio. Rousseau entende que o choro representa uma grande arma para as crianças. Quando elas descobrem o seu potencial e os pais se descuidam, ocorre um abalo no processo educativo, no qual a criança é que passa a mandar.
Nesse livro, ainda, Rousseau traça um paralelo entre a criança educada na sociedade civil de sua época e a criança camponesa (lembramos aqui a estrutura da sociedade de classes da França). Em razão de valorizar a natureza, Rousseau dá primazia ao método espontâneo de educação da criança criada no campo. Eis um exemplo em que fica clara essa primazia, referentemente à linguagem do campo: “No campo, tudo é diferente. A camponesa não fica todo o tempo junto ao filho; ele é obrigado a apreender a dizer bem claramente e bem alto o que tem necessidade que ela ouça. Nos campos, as crianças soltas, longe do pai, da mãe e das outras crianças, exercitam-se em se fazer ouvir à distância e a medir a força da voz pelo intervalo que as separa daqueles por quem querem ser ouvidas. Eis como realmente se aprende a pronunciar, e não gaguejando algumas vogais no ouvido de uma governanta atenta”[10].
Demonstrada a preferência que Rousseau dá ao método simples e natural do camponês, a vida de Emílio está sempre centrada no livro da natureza. Buscando a preservação e o desenvolvimento da natureza, a nova educação cuida para que a criança não possua inúmeros preceptores, mas somente um, que a acompanhe dos zero aos vinte e cinco anos. Essa é uma norma que será estabelecida para Emílio. Um único professor conhece melhor seu aluno e possibilitar-lhe um melhor acompanhamento; Emílio desenvolverá com espontaneidade todas as fases de sua existência, sem queimar nenhuma delas; Emílio buscará a leitura apenas do livro da natureza.
b) Livro II - a idade da natureza: dos dois aos doze anos de idade
Nesse livro, Rousseau continua desenvolvendo seu método, afirmando que ele pressupõe também alguns esforços. Se a criança quer aprender a correr, por exemplo, ela está sujeita a cair, e sua grandeza consiste em saber se levantar por conta própria. Agindo assim, estará aprendendo a gozar o bem-estar da liberdade. No entanto, a sua crítica continua sendo aos que não respeitam esse desenvolvimento espontâneo da criança, tornando sua vida cheia de sacrifícios e privações, sem propor nenhum fim educativo para a sua vida : “O que devemos pensar, então, dessa educação bárbara que sacrifica o presente por um futuro incerto, que prende uma criança a correntes de todo tipo e começa por torná-la miserável, para lhe proporcionar mais tarde não sei que pretensa felicidade de que provavelmente não gozará jamais?”[11]
A proposta de Rousseau é singela: “Homens, sede humanos, este é o vosso primeiro dever; sede humanos para todas as condições, para todas as idades, para tudo o que não é alheio ao homem... Amai a infância, favorecei suas brincadeiras, seus prazeres, seu amável instinto. Quem de vós não teve alguma vez saudade dessa época, onde o riso está sempre nos lábios, e a alma está sempre em paz”[12].
Ainda no livro II, Rousseau faz uma forte crítica à educação desenvolvida de zero a doze anos. Segundo ele, apagar esse modo de educação que recebem nessa fase seria a melhor saída, pois a criança não está preparada para assimilar tantos conhecimentos. Também é nessa fase que elas adquirem os maiores vícios. Emílio deve aprender apenas aquilo que lhe é útil?
c) Livro III - a idade da força: dos doze aos quinze anos
No livro III, Rousseau acompanha um Emílio em fase de definição de personalidade e de perspectivas futuras. Estamos falando da Idade da Força: “Como homem, ele seria fraquíssimo; como criança é muito forte. De onde provém a fraqueza do homem? Da desigualdade existente entre a sua força e os seus desejos. Nossas paixões tornam-nos fracos, pois para satisfazê-las precisaríamos de mais forças do que as que a natureza nos deu[13]”.
Rousseau introduz esse livro discorrendo sobre a fase dos 12 aos 15 anos, com a preocupação básica da educação intelectual e da educação manual, dando primazia à educação manual. Na verdade, na Idade da Força, é preciso reforçar a importância da experiência. Essa preocupação é tão saliente que, questionando-se sobre o que fazer com esse período em que a criança pode mais do que deseja, o autor afirma que deve ser preenchido com trabalhos manuais, com experiências práticas. No entanto, adverte que esse curto período de tempo não pode passar despercebido, pois entende que é um tempo muito valioso e decisivo para vida humana: “É o tempo mais precioso da vida, tempo que só aparece uma vez: muito curto e, por ser tão curto, é importante que seja bem empregado”[14].
Ainda na primeira parte do livro III do Emílio, o autor revela que a sua preocupação não é repetir os métodos dos preceptores da época, mas reforçar sua maneira de educar. Por isso, o aluno rousseauniano não tem, nessa fase, muitas leituras nem muitas aulas teóricas; aprende geografia em passeios pelos bosques. O verdadeiro mapa Emílio aprende com a experiência, não simplesmente desenhando e decorando, como fazem os outros alunos.
No que diz respeito à leitura, no livro III do Emílio, Rousseau faz questão de mencionar que seu aluno não lerá muitos livros. No entanto, indica um livro e justifica o porquê dessa indicação: é o livro de Robinson Crusoé. “Robinson Crusoe em sua ilha, sozinho, sem amparo de seus semelhantes e dos instrumentos de todas as artes, provendo porém a sua subsistência, a sua conservação e conseguindo até uma espécie de bem-estar eis um tema interessante para qualquer idade e que temos mil maneiras de tornar agradável para as crianças”[15].
A preocupação do autor nessa fase centra-se em somente ensinar aquilo que é claro e que pode servir para a vida do educando. Segundo ele, ensinamos demasiadamente expressões cujo verdadeiro significado as crianças não compreendem no momento. Isso justifica a recomendação do livro referido, que, em seu enredo, apresenta a narrativa de uma história que contribui para uma análise prática. Aqui emerge um outro conceito do livro III: o conceito de utilidade.
Segundo Rousseau, o adulto deve saber com clareza aquilo que uma criança ainda não é capaz de entender. Então, quando uma criança nos dirige uma pergunta, devemos, com o intuito de seu melhor aprendizado, responder-lhe com outra pergunta: “Em que isso que me perguntas é útil de saber?”[16].
A segunda parte do livro III detém-se em mais uma das preocupações do autor, que consiste no emprego da força desse adolescente. Para isso, sugere a necessidade de um ofício para seu aluno: é chegada a hora de Emílio trabalhar. O intuito do mestre é que Emílio, nessa fase de sua vida e de seu aprendizado, escolha uma profissão honesta e que tenha utilidade: “Eis o espírito que nos deve guiar na escolha da profissão de Emílio, ou antes, não cabe a nós fazer a escolha, mas a ele, pois as máximas de que está imbuído, conservando nele o desprezo natural pelas coisas inúteis, ele nunca quererá gastar seu tempo com trabalhos de nenhum valor, o único valor que reconhecerá nas coisas é a sua utilidade real; ele precisa de uma profissão que pudesse servir a Robinson Crusoé em sua ilha”[17].
Na citação acima, transparece um dos grandes ideais da educação rousseauniana: a defesa de uma vida digna, com uma educação para o trabalho que enaltece a condição humana. Profissionalmente, Emílio vai ser marceneiro, um trabalho modesto que deve ser acompanhado pelo mestre diariamente. Assim, o aluno de Rousseau desenvolverá as suas atividades físicas e empregará as suas forças em algo extremamente útil. Emílio é extremamente temperante, paciente, firme, trabalhador e cheio de coragem; as primeiras manifestações do julgar estão nele começando a emergir. É um aluno feliz porque a natureza lhe permitiu viver com felicidade; não tem erros, nem vícios... Tem poucos conhecimentos, mas os que tem são realmente seus...
Percebemos, no livro III, que o autor enfatiza a necessidade do conhecimento prático e das coisas que realmente sejam úteis para a vida. Apreendida a profissão, Emílio está com seus 15 anos, quando, ainda, sabe pouco sobre os homens. Faz-se necessária, agora, a presença da moralidade e da racionalidade para que conheça melhor os homens. Essa etapa será o tema do IV livro do Emílio.
d) Livro IV - a idade da razão: depois dos quinze anos
Os conceitos fundantes trabalhados neste livro são: a educação moral do Emílio, a educação religiosa, a educação sexual e a educação racional, que emerge junto com a educação moral. A idade das paixões e a idade da razão caracterizam um novo nascimento no homem: “Nascemos, por assim dizer, duas vezes: uma para existir, outra para viver; uma para a espécie, outra para o sexo”[18]. Rousseau está preocupado em manifestar mais uma necessidade humana: a de que o homem evolui, porém sua evolução deve ser acompanhada. Ele considera essa idade como um momento de crise, curto, mas muito importante para a vida vindoura; é um período, que sem dúvida, merece uma atenção especial. Uma grande novidade aproxima-se da vida do adolescente: “Como o mugido do mar precede de longe a tempestade, essa tempestuosa revolução é anunciada pelo murmúrio das paixões nascentes; uma manifestação muda anuncia a aproximação do perigo. Uma mudança no humor, arroubos freqüentes, uma contínua agitação de espírito tornam a criança quase indisciplinável. Torna-se surda a voz que a fazia ficar dócil; é um leão em sua febre; desconhece seu guia, já não quer ser governada”[19].
O autor considera isso como o segundo nascimento; é a hora em que a realidade se apresenta como realmente é. Emílio está começando a conviver com os homens. O mestre está consciente de todas as armadilhas em que seu aluno poderá cair, no entanto está seguro e convicto de que, em sua educação, desenvolveu uma das faculdades mais importantes de seu aluno: a capacidade de julgar ou a razão. Emílio não será um mero racionalista; ao contrário, saberá distinguir as paixões verdadeiras das medíocres. Isso porque é impossível negá-las; para Rousseau, elas fazem parte da natureza humana: “Se Deus dissesse ao homem para destruir as paixões que lhe dá, Deus quereria e não quereria; estaria se contradizendo”[20].
Rousseau entende que as paixões naturais são limitadas. Discorrendo sobre as paixões naturais, ele evidencia uma que considera como a primeira, a fonte de todas as paixões: o amor de si. Mas em que consiste o amor de si? “O amor de si é sempre bom e sempre conforme a ordem estando cada qual encarregado de sua própria conservação, o primeiro e mais importante de todos os cuidados é e deve ser zelar por ela continuamente.”[21]
Rousseau identifica uma paixão benigna, uma necessidade natural de o homem se conservar. O amor de si não é egoísta como o amor-próprio, é ele que começa a despertar o homem para a consciência moral. “Rousseau considera o amor a si mesmo não só bom e útil, como necessário para a conservação do homem. O amor-próprio é, a seu ver, uma deturpação do primeiro, posto que se baseia fundamentalmente na opinião. O homem, ao comparar-se com os demais, desenvolve uma reflexão rudimentar que lhe possibilita perceber tanto as diferenças como a sua superioridade em relação aos outros. O aparecimento do orgulho é, a um só tempo, inevitável e desastroso”[22].
Dessa forma, para Rousseau, o quanto mais se afastar as crianças dos desvios do amor-próprio, mais estaremos contribuindo para o desenvolvimento da natureza. Ainda na idade das razão e das paixões, surge a necessidade de uma companheira. Aqui começa para Rousseau a existência de um estado crítico. Por precisar de uma companheira, o homem não se sente isolado, seu coração já não está mais sozinho; porém, precisa de algumas normas mínimas para a relação com outrem. Eis a necessidade da moral.
Emílio está num mundo onde corre, freqüentemente, perigo. Até então, havia olhado somente para si mesmo; a partir de agora, começará a olhar os outros seres e passará, então, a compará-los. Essa comparação possibilitará que não aceite as paixões medíocres tão precocemente. Nessa fase, a maior preocupação de Rousseau está em manter seu aluno forte e autônomo para enfrentar todos os problemas que emergem constantemente.
Quando Emílio compara suas ações com as dos demais, percebe a diferença que há entre o amor de si (gosto e preservação de si mesmo) e o amor-próprio, que é um amor movido pela paixão da propriedade, da força, da luta pelos interesses que não tendem para o bem comum. Para Rousseau, no estado de natureza, há uma igualdade de fato, o mesmo não ocorrendo no estado civil. Isso justifica a necessidade de leis morais para que não se repita a dependência de uns em relação aos outros. Aqui o autor faz várias críticas ao modo como os homens fizeram a história, tomando os efeitos pelas causas. Cita Hobbes, discorre sobre a supremacia do mais forte sobre o mais fraco, e faz uso destes exemplos: “É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade; quem quiser tratar separadamente a política e a moral não entenderá de nenhuma delas para ilustrar a importância de conhecermos a moral pela política”[23].
Aqui Rousseau está preocupado com um melhor conhecimento da sociedade e, conseqüentemente, com um melhor conhecimento do homem, para que seu aluno seja mais bem esclarecido. Um dos conselhos que passa a Emílio é que ele observe as ações humanas, pois é pelas ações que podemos conhecer melhor o homem. Emílio deve, assim, julgar essas ações. Nesse julgamento, emergirão aspectos que dizem respeito à justiça e às injustiças nas ações humanas. É a questão da ética e da religião que está se apresentando.
A educação de Emílio não está acabada; é preciso conhecer a natureza e a base do sentimento religioso. Sobre a profissão de fé do vigário saboiano, Rousseau utiliza no livro IV o pretexto para criticar o sistema religioso da época e propor um modelo de crença religiosa para a educação de Emílio que seguisse a lógica do cultivo e da preservação daquela natureza boa que ele tanto defende (A religião natural). Nesse livro, buscando as provas que lhe dessem maior certeza sobre a existência de Deus, ele consegue apontar para um viés diferente daquele que seguia Voltaire, ou seja, afirma que a existência de Deus pode ser provada pela percepção de um impulso interior que move o homem: a consciência. É a consciência de que há uma vontade superior que move o universo e uma inteligência superior que move a matéria segundo certas leis. Disso resulta que a existência de Deus é provada pela harmonia do mundo.
Temos, entretanto, de estar atentos ao mal que é oriundo das paixões que depravam a consciência. O itinerário que Rousseau segue em sua argumentação é o seguinte: “Da harmonia do universo Rousseau chega a uma inteligência suprema e uma bondade suprema, isto, é, Deus...Ele se anula diante da majestade do ser eterno. Cada vez que quer conhecer melhor este Deus, choca-se com explicações contraditórias que não se pode resolver; assim pensa que é preciso renunciar conhecer Deus de uma maneira mais precisa. É preciso limitar-se ao culto do coração, escutar sua voz, ser tolerante, praticar a virtude. O culto do coração pode tornar o homem feliz”[24]. Aqui ele aproveita para fazer uma crítica aos métodos religiosos da época como também às abstrações da filosofia (metafísica) que, segundo ele, ao invés de contribuir para a religião, apenas cria confusões. Disso resultaria, mais tarde, que a Igreja Católica condenaria o seu livro Emílio, mandando-o queimar.
A maneira como Rousseau trata a questão de religião deixa cada vez mais evidente a identificação com seus postulados morais: a religião deve conduzir o homem a uma maior conscientização dos seus atos em busca da felicidade: “Deus nos fez de tal maneira que se usamos a nossa liberdade para viver como justos e manter a fé em harmonia com a nossa própria natureza seremos felizes[25]”.
Na verdade, a grande questão da moral e da religião, em Rousseau, é uma questão presente em todos os jusnaturalistas como também nos filósofos do século posterior. O que vemos é que, para legitimar qualquer aspecto da moralidade, não se podem dispensar as práticas e crenças religiosas da época. A religião funciona como um elemento que serve à objetivação das idéias morais.
Estamos reafirmando que a crítica de Rousseau não é um desprezo à totalidade religiosa, mas à demonstração dos interesses humanos imersos no processo de sujeição de uma grande maioria que, pela autoridade de Deus, obedece a vontades alheias. É o que o primeiro Estado francês, aliado à Igreja, mantinha como prática. Tanto o é que Rousseau assume alguns aspectos que considera importantes na religião, como, por exemplo, os deveres da moralidade.
Finalmente, para o autor, não é no livro dos homens (a Bíblia), no que declara o vigário, mas no livro da natureza - que está aberto e acessível a todos indistintamente - que aprendemos “a servir e a render culto ao divino autor.”[26]
Emílio já possui a capacidade de julgar, e isso se constitui também na elaboração de sua moral. Possui, ainda, os mandamentos da nova religião, que não está embasada em inúmeros sacrifícios, mas numa verdadeira aposta no desenvolvimento da natureza humana. Nessa fase, já conhece um pouco mais sobre os homens; ainda não possui namorada, é paciente e reflexivo. No entanto, está próximo dos seus vinte anos, a idade ideal para escolher uma companheira e inserir-se, de vez, na sociedade.
e) Livro V: Idade da sabedoria e do casamento
Ao nos aproximarmos da sua Idade da Sabedoria, podemos inferir que já foram passados a Emílio os conceitos essenciais para o bom desenvolvimento de uma vida social. O aluno já tem uma profissão, já possui a capacidade de julgar e possui também elementos morais e religiosos. Como Rousseau preocupa-se com a preservação daquilo que é natural, o casamento se apresenta como algo que continua desenvolvendo a lógica da natureza: “Eis-nos chegado ao último ato da sua juventude, mas ainda não estamos no desfecho. Não é bom que o homem esteja só, e Emílio é homem; prometemos-lhe uma companheira, é preciso dar-lha. Essa companheira é Sofia”[27].
No livro V do Emílio, Rousseau passa o tempo todo demonstrando a identidade de Sofia e escreve sobre a importância da mulher no casamento; posteriormente, conta como foi que Emílio a encontrou. Finalmente, com o casamento, está concluída a missão do mestre. E é mediante as experiências que o aluno adquiriu com seu mestre que ele almeja ter um filho e educá-lo da maneira como foi educado por seu preceptor.
O objetivo de saber quem é Sofia consiste na necessidade de, num primeiro momento caracterizá-la, para, depois, poder saber onde a encontrar. Dessa forma, Rousseau faz uma distinção entre os sexos, mais precisamente entre o macho e a fêmea. Nessa distinção, ele evidencia a importância da mulher na relação: “Não há nenhuma paridade entre os dois sexos quanto à consequência do sexo. O macho só é macho em certos instantes, a fêmea é fêmea a vida toda, ou pelo menos a juventude toda; tudo a faz lembrar seu sexo e, para bem preencher suas funções, ela precisa de uma constituição que se coadune com ele. Precisa de precauções quando está grávida, precisa de repouso nos partos, precisa de uma vida calma e sedentária para amamentar os filhos, precisa, para educá-los, de paciência e mansuetude, de um zelo e de uma afeição que nada a espante; ela serve de ligação entre os filhos e o pai, só ela faz com que o pai os ame e lhe dá confiança para chamá-los seus filhos. Quanta ternura e preocupação ela não deve ter para manter a união em toda a família! E enfim tudo isso não devem ser virtudes, mas sim gostos, pois caso contrário a espécie humana logo se extinguiria”[28].
Para Rousseau, é a feminilidade da mulher que a torna forte e sensível ao mesmo tempo; são essas características que demonstram a posição de destaque da mulher. Que outras características teria Sofia? Em primeiro lugar, o autor faz questão de mencionar que Sofia não é completa; não é bela, mas sabe agradar e, aos poucos, mostrar sua beleza; tem talentos naturais; sabe trabalhar como mulher, é caprichosa; é sensível; não magoa; tem uma religião simples e com poucos dogmas; ama a virtude porque a virtude é a glória da mulher, é a conquista da verdadeira felicidade; tem pouca prática do mundo, mas é dedicada e atenciosa, e, finalmente, tem grande maturidade e capacidade de julgar. Dessas características deduz-se que Sofia possui todos os grandes atributos possíveis a uma mulher.
Para Rousseau, Emílio já conhecia Sofia antes mesmo de ter convivido com ela. E justifica sua afirmativa mediante a compreensão de que, em Emílio, havia elementos que o identificavam com sua companheira. Sabe-se, no entanto, que uma mulher com essas características é uma mulher rara.
Pois bem, agora que já sabemos como ela é, segundo Rousseau, devemos perguntar onde se encontra. Sofia será filha de camponeses. Cheia de talentos naturais, como já evidenciamos, é ela que Emílio vai namorar e com ela, posteriormente, vai se casar.
Uma marca essencial de cunho formativo é a presença constante de Rousseau na vida de seu aluno, atitude que perpassa toda a sua obra. Até mesmo no livro V, ele marca presença como conselheiro do romance de Emílio e Sofia. Pode aqui ser levantado um questionamento sobre o conceito de autonomia, ou seja: por que deixar Emílio prosseguir sozinho somente aos vinte e cinco anos? Rousseau entende que essa é a fase em que o aluno terá todas as condições para desenvolver suas potencialidades no meio social. Vemos, então, que a educação rousseauniana tende à sua máxima expressão na sociedade.

3- Algumas considerações sobre conceitos de natureza e de moral no Emílio

Alguns conceitos presentes no Emílio precisam ser retomados, entre eles: o conceito de estado de natureza e o conceito de moral. Afirmamos, de antemão, que ambos se encontram vinculados, aliás, como já afirmamos, o conceito de estado de natureza está presente em toda a sua obra e constitui “um instrumento básico do esforço racional de uma construção político-pedagógica”[29]. Buscando melhor caracterizá-lo, encontramos, em relação ao estado de natureza, uma opinião diferente da que afirmamos no início deste capítulo, de que em Rousseau esse estado existe de fato. Deparamos-nos agora com a seguinte caracterização: “Assim entendido o estado de natureza é muito mais uma hipótese de trabalho do que uma realidade propriamente dita. É do estado de natureza que deve começar o estudo; e ele progredirá por esta análise ideológica que vai do simples ao composto, do primitivo ao atual”[30].
Estamos falando de um estado que consiste num artifício de trabalho para se poder explicar o homem natural. Daqui se pode deduzir que o homem natural, em Rousseau, não é o mesmo que homem primitivo, como pensava Voltaire (estado em que o homem deveria voltar a andar de quatro patas); pelo contrário, é uma abstração lógica, um conceito hipotético.
Se Rousseau desejasse que o homem permanecesse no estado de natureza, certamente seu aluno Emílio não seria uma construção fictícia, mas tomaria como estudo um ser real. Mas se esse estado é pensado como bom, por que o homem não deve permanecer nele? Com relação a esse aspecto, Rousseau deixa bem claro que a bondade existente no estado de natureza é uma bondade pura, ingênua e espontânea. Nele, o homem, com intuito de se preservar, não faz mal a ninguém, até porque não existe nenhuma lei que possa julgar as suas ações como boas ou más. No entanto, se não existem leis, não existe moral; logo, é um estado mais instintivo que racional que impulsiona o homem a se conservar. Existe nele uma espécie de inocência animal.
Vimos na obra que analisamos que Emílio possui a bondade natural. Então, para que educá-lo? Sem dúvida, é para elevar a sua natureza além da sua animalidade, numa esfera onde existam leis. De modo que o projeto de Rousseau é um projeto aberto, que procura desenvolver o ser humano racionalmente, preservando a sua bondade e inserindo nela a moral. Os primeiros conceitos de moral começam a ser desenvolvidos no livro IV do Emílio; no entanto, ganham forma e expressão somente na obra O contrato social, especificamente na idéia de república proposta por Rousseau, onde, segundo ele, as leis possibilitarão que as ações humanas sejam realmente morais e livres.
A natureza, na república, é consciente e boa, pois tem as leis do contrato como escudo, do que resulta que a proposta pedagógica rousseauniana está imbuída de uma preocupação de educar para o social; nela, a moralidade não pode ser desenvolvida isolando o homem do convívio social. No Emílio, quando Rousseau está desenvolvendo em seu aluno os primeiros conceitos de moral, ele o leva freqüentemente a jantares, nos quais, em convívio com os outros, seu aluno começa a desenvolver a sua moralidade pela capacidade de julgar.
A moralidade é uma causa necessária para o desenvolvimento e preservação da natureza boa do ser humano. Na forma como Rousseau constrói sua teoria, a idéia de lei aparece vinculada com a idéia de desenvolvimento. No Emílio, o aluno é preparado para a inserção social. Como vimos, em todas as fases do desenvolvimento sadio e espontâneo, o aluno de Rousseau possui indicativos que lhe possibilitam uma educação para uma melhor convivência futura, diferenciada daquela em que ele se encontrava inserido - sociedade civil. Aqui a necessidade da república é inegável. Mas essa já é outra discussão e a fizemos em outro momento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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[1] Este capítulo tem por referência estudos desenvolvidos de 1998 - 2000, durante a pesquisa de Mestrado. Aqui tomamos alguns apontamentos desse referencial e acrescentamos algumas reflexões. O estudo completo está publicado cujo título é A Pedagogia de Rousseau: desafios para a educação do século XVIII. Passo Fundo RS: Clio Editora, 2002. Esta versão foi também publicada em PEREIRA, Vilmar Alves. "A defesa de uma pedagogia da natureza na obra Emílio ou da Educação, de Rousseau". In: MARQUES, José Oscar de Almeida (Org.). Verdades e mentiras: 30 ensaios em torno de Jean-Jacques Rousseau. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. p. 433-451.
[2] Doutor em Filosofia da Educação pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Professor de Filosofia na Faculdade Anglo Americano de Caxias do Sul RS.
[3] MONROE, Paul. História da educação, p.258.
[4] STAROBINSKI, Jean. A transparência e o obstáculo. p. 313.
[5] ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio ou da educação, p.117.
[6] ROUSSEAU. Emílio, p.7.
[7] CERIZARA. Rousseau a educação na infância, p.30.
[8] ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio ou da educação. p. 14.
[9] Idem, p. 14.
[10] Idem, p. 60.
[11] ROUSSEAU. Emílio, p. 65.
[12] Idem, p. 68.
[13] ROUSSEAU. Emílio, p.200.
[14] Idem. Ibidem, p 202.
[15] Idem, ibidem , p. 233
[16] Idem, p.224
[17] Ibidem, p. 254.
[18] ROUSSEAU. Emílio, p.176.
[19] Idem, p. 272.
[20] ROUSSEAU. Emílio, p. 273.
[21] Idem, p. 274.
[22] CERIZARA, Beatriz. Rousseau a educação na infância, p. 99.
[23] ROUSSEAU. Emílio, p. 309.
[24] MOTTA, Mª. L. S. Rousseau: o encontro com a consciência religiosa. Cadernos da Universidade de Caxias do Sul. p.99.
[25] ROUSSEAU. Emílio, p.328.
[26] ROUSSEAU. Emílio, p. 473.
[27] Idem, p. 491.
[28] ROUSSEAU. Emílio, p. 496.
[29] OLIVEIRA, Eunizé, Jean Jacques Rousseau: pedagogia da liberdade, p. 37.
[30] Idem, p. 38.

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